Sinto que já não sou a mesma Coisas acontecendo ou não Nada mais me importa Tenho estado medíocre ao mundo, as coisas dele Talvez isto seja passageiro Talvez dure uma eternidade.
Vendo uma certa intertextualidade entre eles e o seu poema, compartilho contigo os versos do poeta Eduardo Alves da Costa.
Abraços.
"A Cama de Pregos"
Tenho o corpo varado de angústias e não encontro posição de repouso. Porque aos de minha geração foi dado existir numa cama de pregos, entre o espasmo e o grito, antes da primeira frase se fazer orvalho contra as paredes da cela. Não há possibilidade de fuga para nosso instinto. querem que o sexo floresça e murche em nossas próprias mãos; ou que o orgasmo seja catalogado e obedeça aos trâmites legais. Não há caminho que nos leve à amada. Todos os corredores conduzem ao vestíbulo, onde uma enfermeira nos agarra e nos faz preencher um questionário. Esconderam as fêmeas em arcas de veludo e nos iludem o apetite com mulheres da vida, com cineminhas mambembes e filme de sacanagem. Mas isto não nos basta, é preciso um espaço infinito para nos fazermos ao largo, como jovens leões que se lançam à planície. Ah, visões de antigos dias, farândolas de faunos, virgens consumidas, olhos de ciclopes aguardando as madrugadas!
Não haverá nesta cidade uma única mulher verdadeiramente no cio? Quero agitá-la como uma bandeira entre as estrelas e vê-la tombar, com a face tranqüila.
Sim, deliro, estamos todos loucos, à beira do caos e do copo. E contudo é preciso utilizar de alguma forma esta convulsão incontida. Mesmo que tudo termine na cama de pregos, seguros pela enfermeira e cheirando clorofórmio.
Não, por Deus, não me façam uma incisão no crânio. Eu sei que estou preso num palácio de espelhos e é preciso quebrar tudo!
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ResponderExcluirVendo uma certa intertextualidade entre eles e o seu poema, compartilho contigo os versos do poeta Eduardo Alves da Costa.
ResponderExcluirAbraços.
"A Cama de Pregos"
Tenho o corpo varado de angústias
e não encontro posição de repouso.
Porque aos de minha geração
foi dado existir numa cama de pregos,
entre o espasmo e o grito,
antes da primeira frase se fazer orvalho
contra as paredes da cela.
Não há possibilidade de fuga
para nosso instinto.
querem que o sexo floresça e murche
em nossas próprias mãos;
ou que o orgasmo seja catalogado
e obedeça aos trâmites legais.
Não há caminho que nos leve à amada.
Todos os corredores conduzem ao vestíbulo,
onde uma enfermeira nos agarra
e nos faz preencher um questionário.
Esconderam as fêmeas em arcas de veludo
e nos iludem o apetite
com mulheres da vida,
com cineminhas mambembes
e filme de sacanagem.
Mas isto não nos basta,
é preciso um espaço infinito
para nos fazermos ao largo,
como jovens leões que se lançam à planície.
Ah, visões de antigos dias,
farândolas de faunos,
virgens consumidas,
olhos de ciclopes aguardando as madrugadas!
Não haverá nesta cidade uma única mulher
verdadeiramente no cio?
Quero agitá-la como uma bandeira
entre as estrelas
e vê-la tombar,
com a face tranqüila.
Sim, deliro,
estamos todos loucos,
à beira do caos e do copo.
E contudo é preciso utilizar de alguma forma
esta convulsão incontida.
Mesmo que tudo termine
na cama de pregos,
seguros pela enfermeira
e cheirando clorofórmio.
Não, por Deus,
não me façam uma incisão no crânio.
Eu sei que estou preso num palácio de espelhos
e é preciso quebrar tudo!